domingo, 5 de abril de 2009

UMA SENHORA DO GELO.

Molhada ainda de marinhos ventos, a Casa de Água guarda a respiração dessa mulher que anda, num estado de vidência órfica, da varanda ao quarto; do quarto à sala de música; e dali ao sono. Atrás dos muros de todas as casas de Villa da Concha há sempre uma roseira-branca que desfolha a chuva. Olor fino de chá. A essência de Krishna: Krim. Dentro do sono da mulher que respira inicia uma outra Casa de Água – a do sonho – que vence as chuvas contrárias e navega ao longo de uma restinga onde, naquela duna, escutamos um espírito que pronuncia: “Os hindus costumam dizer que existem árvores que podem ser chamadas de Kalpvrakshas – senta-se sob elas e tudo o que se deseja é satisfeito sem intervalo de tempo”. Inspirado pelo dito oriental, deito sob uma oliveira e peço ao meu coração que nade num trevo de quatro folhas.”

Trecho da novela “A Senhora do Gelo” escrita por Fernando José Karl.
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Conheci a literatura de Karl quando li poemas seus na revista Coyote, e de imediato senti que teria que conhecer sua literatura. Depois de algum tempo e alguma insistência minha, Karl me enviou sua novela via e-mail para eu ler. Uma novela escrita em uma prosa poética inspiradora sobre um homem escritor do tempo, e uma mulher que mora em uma casa de água dentro de um vilarejo perdido em algum tipo de paraíso suspenso pela palavra, pelo sonho, pela lágrima.

Quem quiser, pode ler aqui a novela “A Senhora do Gelo” de Fernando José Karl, que também navega em seu suspenso blog Nautikon.

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